História da marca CMBB
Quem passa por Santo Antônio de Jesus pela BR 101 lê de um lado a outro da rodovia a placa com os dizeres: Santo Antônio de Jesus o comércio mais barato da Bahia. Já quem mora na cidade está tão acostumado com o título, que às vezes nem se lembra do quanto a marca está ligada a história da cidade e a sua transformação em um referencial no Estado.
No início da década de 1980, o empresário José Carlos Toneto iniciou seu comércio na cidade de Santo Antônio de Jesus e um ponto ficou muito marcado na sua memória: a falta de associativismo. Por outro lado, a ‘pujança’ do comércio já era tamanha principalmente pelos baixos custos de produção: “A capital tinha os preços elevados pela inflação, turismo, monopólio do Pai Mendonça e isso fazia com que as pessoas buscassem Santo Antônio de Jesus”. Toneto afirma que o mesmo acontecia com a região de Itabuna devido aos preços inflacionados por causa do cacau e com isso, a cidade recebia muitos clientes oriundos da região grapiuna.
Naquela época, a Associação Comercial tinha sido inaugurada por Antonio Lyrio, porém, não tinha a participação de muitas pessoas. Só em 1982 o empresário Ozeas Barreto retoma os trabalhos de alavancar a Associação. Pouco tempo depois, o mesmo cuidou para que o seu sucessor fosse escolhido e em 1983, assume Wanderley Teixeira como presidente da entidade se mantendo no cargo com reeleição até 1986.
Naquela época, a Associação Comercial tinha sido inaugurada por Antonio Lyrio, porém, não tinha a participação de muitas pessoas. Só em 1982 o empresário Ozeas Barreto retoma os trabalhos de alavancar a Associação. Pouco tempo depois, o mesmo cuidou para que o seu sucessor fosse escolhido e em 1983, assume Wanderley Teixeira como presidente da entidade se mantendo no cargo com reeleição até 1986.
A cidade já era muito procurada por causa da fabricação de móveis e começava a atrair os olhares de diversos consumidores. Durante a gestão de Wanderley, acontece o Feirão do Comércio chamando a atenção do Estado para o município: “Ele (Wanderley) mesmo foi para rua e a gente assistiu ao nascimento de um trabalho, para ir de encontro com esses consumidores que buscavam Santo Antônio de Jesus”, afirmou Toneto.
A divulgação do Feirão foi feita a nível estadual. Pela primeira vez, a Associação Comercial fez uma publicidade na Rede Bahia chamando as pessoas para virem a Santo Antônio de Jesus e foi “um sucesso”, segundo o empresário Jairo Passos.
Após o evento, que contou até com a presença da primeira dama do Estado na época, a senhora Iêda Barradas, a propaganda de que o comércio de Santo Antônio de Jesus era muito barato começou a ser difundida entre os consumidores, afirmou Gildásio Cavalcante, ex-gerente da Associação Comercial. Aos poucos o preço do comércio foi virando referência e cada vez mais a cidade ficava conhecida por esse diferencial.
Nenhuma das fontes consultadas se lembra de quem formatou a frase que identifica a marca do comércio até hoje, mas na década de 90, na gestão de Luciano Machado, surgiu a proposta de registrar o que “todo mundo já falava”, lembra Jairo: “Em uma reunião de diretoria, sugeri que o registro fosse feito no INPI(Instituto Nacional de Propriedade Industrial) para que virasse propriedade da cidade, “ disse Jairo afirmando que na oportunidade algumas cidades como Jequié e Vitória da Conquista já pleiteavam o título.
Durante a realização de uma campanha de premiação promovida pelas Entidades a marca em forma de arco (que permanece até hoje) foi criada por uma agência de propaganda de Salvador. O resultado da marca foi tão proveitoso que ela começou a ser usada para representar o Espaço Empresarial e os eventos organizados em conjunto pela Associação Comercial, pela Câmara de Dirigentes Lojistas e pelo Sindicato Patronal do Comércio.
Jairo lembra que concomitante com o registro, a Associação iniciou diversas campanhas para afirmação do slogan. Vários caminhões baú de empresas locais, que viajavam para fora da cidade e até do Estado, como São Luis, Mapron e Natulab foram plotados virando outdoors ambulantes. Outra estratégia usada foi a contratação de inúmeros outdoors fixos em diversas BR e rodovias para a divulgação da marca em convênio com várias empresas. Resultado: aumento instantâneo no fluxo de visitantes.
A partir do processo de sensibilização iniciado por Wanderley até o registro oficial da marca por Luciano Machado, a noção de associativismo mudou entre os empresários locais. A partir daí eles começaram a perceber que não só os preços interessavam, a imagem passada da cidade deveria ser de comum acordo: “Naquele instante todo mundo se chamava de comerciante e quando eu falei que eles eram empresários, chegaram a dar risada de mim. Isso confrontava com o pensamento da grande maioria na época”, lembrou entre risos José Carlos Toneto.
Até hoje, a cidade de Santo Antônio de Jesus é conhecida pelo desenvolvimento do comércio e pelo slogan: “Essa marca ninguém toma de Santo Antônio de Jesus porque condiz com o seu comércio: produtos de qualidade e acessíveis comparados com outras cidades. Não foi uma ideia plantada, ela é real até hoje”, afirma Gildásio.
O título pertence a cidade e, para Jairo Passos, a sua manutenção não depende só de um registro, mas de uma vivência comum onde o comércio é parte fundamental, mas os cidadãos precisam valorizar e defender essa ideia: “As pessoas têm que acreditar nisso e não deixar dúvidas de que aqui é realmente o comércio mais barato da Bahia”.