POR QUE A VACINAÇÃO É IMPORTANTE PARA A RETOMADA DA ECONOMIA
Economistas consideram que imunizar a população contra a covid-19 será um ponto-chave para a recuperação da atividade após a maior crise global em décadas
Cerca de 50 países começaram o ano de 2021 vacinando parcelas das suas populações contra a covid-19. A expectativa é que a vacinação pelo mundo ajude a conter a doença, trazendo perspectivas de um fim mais próximo para a pandemia do novo coronavírus.
A atenção dada à vacina não se restringe à área da saúde e ao desejo das pessoas de circularem novamente com segurança. Economistas avaliam amplamente que a vacinação será uma das chaves para a recuperação da economia, após um 2020 que trouxe uma das piores crises globais em décadas. A perspectiva de uma vacina próxima, inclusive, foi um dos principais impulsores das bolsas de valores pelo mundo nos últimos meses de 2020, refletindo as expectativas positivas trazidas pela possibilidade de imunização da população.
No Brasil, o próprio ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu em dezembro de 2020 que a vacinação será o “capítulo mais importante” para que a economia volte a crescer de maneira robusta.
A imunização é um processo demorado, que não vai acabar com todas as medidas de proteção impostas pela pandemia de um dia para o outro. Ainda assim, a vacinação é considerada um ponto central para a retomada da economia no Brasil e no mundo. Abaixo, o Nexo explica por quê.
O LADO DOS CONSUMIDORES
Nos primeiros meses de 2020, a pandemia levou à paralisação parcial da economia em todos os cantos do globo. Seja por imposição de medidas de isolamento por autoridades ou por medo de contágio pelo vírus, milhões de pessoas reduziram suas circulações pelas cidades. O número de pessoas saindo de casa caiu consideravelmente em questão de poucas semanas – seja para atividades de lazer, trabalho ou outras obrigações.
Com menor circulação de pessoas, a circulação de dinheiro também caiu. Mesmo com a alta do comércio online, as vendas de varejo registraram forte queda nos primeiros momentos da pandemia. O processo de reabertura nos meses seguintes ajudou o comércio a se recuperar a níveis pré-pandemia em boa parte do mundo, inclusive no Brasil. Programas de estímulo de governos – como o auxílio emergencial no Brasil, encerrado no fim de 2020 – também ajudaram a impulsionar vendas de bens.
O varejo teve recuperação acelerada, mas os serviços ficaram atrás – no Brasil e no mundo. Justamente por estar mais ligado a atividades presenciais, o setor continuava longe do nível anterior à pandemia na virada de 2020 para 2021.
A chegada da vacina pode alterar esse cenário consideravelmente. Com uma parcela cada vez maior da população imunizada, mais gente deve se sentir confortável para sair de casa e, consequentemente, gastar mais. As restrições sobre estabelecimentos fechados também devem começar a cair – não se sabe exatamente em que ritmo. Ao mesmo tempo, a contratação de serviços deve subir com mais força, principalmente os presenciais onde há demanda represada, como serviços de reparações domésticas não urgentes.
As perspectivas positivas diante do eventual arrefecimento da pandemia também podem significar um aumento de gastos em produtos mais caros, como automóveis e eletrodomésticos. Com uma confiança melhor dos consumidores sobre o andamento da economia, caem as reticências para gastar e o impulso para poupar.
O LADO DAS EMPRESAS
Com o aumento da demanda por bens e serviços, as empresas devem ver mais dinheiro entrando em seus caixas a cada mês. O maior impacto pode ocorrer no setor de serviços, em que diversos gargalos ligados à baixa demanda de atividades presenciais podem ser liberados.
A imunização da população também deve significar um nível menor de incertezas com relação ao futuro. As tomadas de decisões de investimento pelos empresários ficam menos dependentes do andamento da pandemia – o ano de 2020 mostrou que a curva de contágio pode mudar bruscamente em questão de semanas.
Com a população imunizada e a perspectiva do fim de medidas de restrição de circulação, os agentes conseguem ter uma ideia mais clara de qual deve ser a demanda e quais serão os custos de oferecer um produto. Tudo isso deve ajudar a impulsionar os investimentos – ainda que aos poucos, conforme a vacinação avançar e se refletir em maior movimento da atividade econômica.
O QUE ACONTECE COM O MERCADO DE TRABALHO
O consumo e os investimentos serão importantes para ditar o ritmo da atividade econômica, mas boa parte da retomada passa pelo mercado de trabalho, que, por sua vez, depende do andamento da economia.
A maior circulação de pessoas e dinheiro pode demorar a se refletir em aumento de vagas. A decisão de novas contratações – que significa, muitas vezes, expandir as operações – necessita de um certo grau de confiança do empresário de que valerá a pena colocar mais recursos no negócio. Se a economia estiver melhorando, mas sem um ritmo suficiente para dar essa confiança a quem contrata, o surgimento de novas vagas pode demorar.
Ao mesmo tempo, quanto mais vagas surgirem, maior deve ser o dinheiro que circula. Com mais renda entrando a cada mês, as pessoas tendem a gastar mais, o que ajuda a movimentar a economia e cria um ciclo positivo de expansão da atividade.
Mas a espiral positiva pode ser lenta em 2021, justamente pelo tamanho da crise causada pela pandemia. A recessão global deixou milhões sem trabalho, em um choque muito forte no mercado. Com tantas pessoas procurando emprego – uma parte delas retornando após um período fora do mercado –, a tendência é que o mercado de trabalho não dê conta de absorver tanta gente em pouco tempo.
Por isso, a expectativa de economistas é que o emprego demore a voltar ao nível anterior à pandemia, mesmo com a vacinação.
O QUE ESPERAR DA ECONOMIA BRASILEIRA EM 2021
A economia está crescendo desde o terceiro trimestre, mas após uma queda muito grande, e em uma trajetória vista com cautela por economistas. A atividade econômica ainda está abaixo do nível anterior à pandemia, e já vinha de uma recessão anterior de 2014 a 2016, ainda não superada antes da chegada do novo coronavírus. Ao mesmo tempo, o contexto do início de 2021 é de encerramento do auxílio emergencial, que garantiu a subsistência de milhões de brasileiros entre abril e dezembro de 2020.
A combinação desses fatores deve impor mais obstáculos à economia brasileira em 2021. A expectativa é que, com o fim do auxílio, mais gente tenha de procurar trabalho, mas sem que o mercado – ainda muito fragilizado – dê conta de absorver a todos.
Em paralelo, com os menores gastos do governo em 2021 na comparação com o ano anterior, a renda dos brasileiros deve cair – seja pelo fim do auxílio emergencial ou pelo encerramento de outros programas que ajudaram a injetar dinheiro na economia brasileira em 2020, como a compensação por contratos suspensos ou jornadas reduzidas. Isso pode levar a uma nova desaceleração da atividade, enquanto cresce a necessidade de novas medidas de restrição de circulação em cidades brasileiras por conta do avanço do vírus.
A aposta de muitos economistas – incluindo o ministro Paulo Guedes – está nas reformas estruturais que tramitam no Congresso: tributária, administrativa e de redução de gastos. A ideia resumida é que essas medidas irão melhorar o ambiente de negócios no Brasil, o que atrairá investimentos que ajudarão a puxar a recuperação econômica brasileira.
Outros economistas discordam dessa visão, e entendem que o governo deveria manter o nível de gastos em um patamar alto em 2021 para estimular a economia brasileira enquanto não há vacina. Nesse raciocínio, a melhor maneira de atrair investimentos é estimulando a demanda, o que pode ser feito via gastos do governo com programas similares ao auxílio emergencial, por exemplo.
Para que isso acontecesse, seria necessário que o Executivo abrisse espaço no Orçamento Federal para 2021 ou aceitasse flexibilizar as regras fiscais – como o teto de gastos, que limita as despesas públicas a um nível pré-determinado –, como foi feito em 2020. Nenhuma das opções parece provável nos primeiros dias do ano: Guedes já deixou claro que não pretende flexibilizar as regras fiscais, e tentativas anteriores de cortar gastos para bancar um novo programa social não tiveram sucesso em Brasília.
Por Marcelo Roubicek
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